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28.04.2025 05:22 PM
Os primeiros 100 dias de Trump já passaram: Mercados aguardam tarifas e lucros de gigantes

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Investidores ficam no escuro: 100 dias do segundo mandato de Trump

Donald Trump se aproxima do primeiro grande marco de 100 dias em seu segundo mandato na Casa Branca, mas os mercados e bancos centrais ao redor do mundo ainda não conseguiram se adaptar às novas realidades de seu governo imprevisível.

Especialistas financeiros observam ansiosamente, tentando decifrar o que exatamente as políticas de Trump significarão para a economia. Até agora, há tão pouca clareza quanto no dia de sua posse.

Temporada de resultados e ansiedade política

Além da turbulência política, os mercados aguardam vários eventos importantes na próxima semana: os EUA divulgarão novos dados de emprego, o Canadá realizará eleições e o estado da zona do euro será testado por indicadores econômicos relevantes.

A data simbólica de 30 de abril servirá como um lembrete de que, durante seus 100 dias na Casa Branca, Trump enfrentou uma série de desafios — muitos dos quais provocados por ele próprio.

Guerras tarifárias e fracassos diplomáticos

A instabilidade causada pelas decisões do presidente de impor e cancelar tarifas comerciais continua a abalar os mercados financeiros. Os participantes do mercado ainda não aprenderam a calcular os riscos econômicos associados a essas iniciativas.

Chamou especialmente a atenção o esfriamento brusco das relações entre Trump e o líder ucraniano Volodymyr Zelensky. Sentindo-se excluídos das negociações de paz com Moscou, os aliados europeus da Ucrânia começaram a aumentar urgentemente seus orçamentos militares — algo que não acontecia há décadas.

Queda no fluxo de turistas e tensões crescentes com o Canadá

Políticas duras de imigração e restrições a turistas atingiram a indústria do turismo dos EUA, reduzindo o fluxo de visitantes estrangeiros.

A tentativa de Trump de, em tom de brincadeira, chamar o Canadá de "o 51º estado dos EUA" não passou despercebida. No país vizinho, isso provocou uma onda de sentimento antiamericano e tensões políticas.

Em busca de clareza: o que esperar dos mercados?

Antigas alianças internacionais estão se desmoronando, os mercados financeiros estão tomados por instabilidade preocupante, e investidores precisam de diretrizes claras mais do que nunca. A expectativa pela próxima etapa do governo Trump é acompanhada de maior volatilidade e medo de movimentos inesperados da Casa Branca.

Enquanto isso, as maiores corporações dos EUA — Apple (AAPL.O), Microsoft (MSFT.O) e Amazon (AMZN.O) — divulgarão seus resultados trimestrais na próxima semana. Seus relatórios podem servir como um importante termômetro para avaliar o real estado da economia em meio à nova realidade política.

Os Sete Magníficos começam o ano em alta — mas enfrentam desafios

Após dois anos de crescimento triunfante, ações de grande capitalização como Nvidia (NVDA.O), Alphabet (GOOGL.O) e Tesla (TSLA.O) enfrentam seu primeiro grande teste em 2025. O ambiente de mercado desfavorável já começou a pressionar o mercado acionário como um todo.

Lucros crescem, mas expectativas preocupam

Mais de 20% das empresas incluídas no índice S&P 500 já divulgaram seus resultados. Os números são animadores: espera-se que o lucro total do primeiro trimestre cresça 8,4%. No entanto, os analistas estão focados não nos sucessos passados, mas nas projeções futuras: em um mercado volátil, são as perspectivas do setor corporativo que definem o humor dos investidores.

Dados de emprego trarão pistas

Nos próximos dias, os mercados receberão referências importantes: novos dados de inflação serão divulgados em 1º de maio e o relatório de empregos de abril será conhecido em 2 de maio. As previsões são cautelosas: espera-se que o número de empregos criados fora do setor agrícola seja de apenas 130.000, bem abaixo dos 228.000 registrados em março.

Trégua na guerra comercial: sinal de Pequim

Em meio às batalhas comerciais entre EUA e China, finalmente surgiu um raio de esperança: as autoridades chinesas estão considerando a possibilidade de aliviar parcialmente a pressão tarifária. Pequim divulgou uma lista com 131 categorias de produtos que poderiam ser isentas da tarifa de 125% sobre importações americanas.

Essa medida é vista como uma tentativa de reduzir as tensões que há tempos alimentam o medo econômico global.

Canadá traça rumo de independência

Os canadenses irão às urnas na segunda-feira para decidir a direção política do país. O primeiro-ministro Mark Carney busca um forte mandato para resistir à pressão de Washington.

Carney é direto: as ações de Trump — das tarifas à retórica de anexação — representam uma grave ameaça ao Canadá. Sua resposta é reduzir estrategicamente a dependência econômica em relação ao vizinho do sul e transformar profundamente a economia nacional.

Liberais retomam liderança: Carney fortalece posição

Os eleitores canadenses parecem prontos para apoiar o curso de Mark Carney. O Partido Liberal, que estava 24 pontos atrás dos conservadores em janeiro, agora lidera por 5 pontos.

Dólar canadense estável, mas desafios persistem

Os mercados financeiros não ficaram surpresos com a reviravolta. O dólar canadense, que sofreu sua maior queda em 22 anos em fevereiro, mantém-se estável, e, mesmo com possíveis turbulências políticas, não se esperam choques severos.

No entanto, o horizonte econômico ainda é nebuloso. O Fundo Monetário Internacional recentemente reduziu sua previsão de crescimento para o Canadá, e os planos de estímulo dos liberais ameaçam transformar o déficit orçamentário em um buraco ainda mais profundo do que se previa.

O euro e os títulos da zona do euro: novos portos seguros

Com a instabilidade vinda dos EUA, investidores estão cada vez mais buscando refúgio em ativos europeus. O euro e os títulos da zona do euro, anteriormente vistos como investimentos mais arriscados, começaram a parecer mais seguros.

Os próximos relatórios econômicos ajudarão a entender quão sustentável é essa tendência. Dados de inflação da zona do euro, que serão divulgados em 2 de maio, podem mostrar uma nova desaceleração no crescimento dos preços, aproximando-se da meta de 2% do Banco Central Europeu.

Indústria sob pressão: sinais de alerta

No mesmo dia, será publicado o índice de atividade empresarial do setor industrial HCOB, que pode confirmar os temores: a confiança na estabilidade das cadeias de produção na Europa está diminuindo.

Se os dados forem fracos, isso reforçará as expectativas de que a economia da zona do euro esteja em estado de estagnação. No entanto, os participantes do mercado ainda não demonstram pânico.

O euro resiste: apoio vindo da Alemanha

Analistas estão confiantes de que, mesmo com um cenário macroeconômico desfavorável, o euro permanecerá estável. O Bank of America aponta que os gastos orçamentários em grande escala da Alemanha atuarão como um "colchão de proteção" para a moeda.

O Barclays, por sua vez, acredita que o euro continuará sendo negociado próximo da marca de US$ 1,15, a menos que choques políticos vindos de Washington se intensifiquem e comprometam a estabilidade global.

Mercados europeus no positivo: investidores apostam em mudanças

As bolsas europeias começaram a semana em alta, dando continuidade à tendência positiva após duas semanas consecutivas de crescimento dos índices. Os investidores se preparam para uma semana movimentada, repleta de resultados corporativos, dados econômicos e possíveis novidades sobre tarifas.

O índice mais amplo STOXX 600 (.STOXX) subiu 0,5% nas negociações da manhã de segunda-feira, refletindo o otimismo do mercado. Esse sentimento positivo também se espalhou para outros mercados europeus, com os índices regionais entrando em território positivo.

Esperanças comerciais e sinais contraditórios

Os mercados foram animados na semana passada por sinais de alívio nas tensões comerciais entre os EUA e a China. No entanto, os investidores permanecem cautelosos, já que as mensagens vindas de Washington e Pequim continuam se contradizendo.

Pequim rejeitou categoricamente as alegações de Donald Trump de que haveria negociações tarifárias em andamento. No entanto, a decisão da China, anunciada na sexta-feira, de isentar alguns produtos americanos da tarifa de 125% — comunicada por meio de notificações formais a empresas — foi vista como um sinal de preocupação do governo com as possíveis consequências de um impasse prolongado.

Fusões e aquisições: motores de crescimento das ações

Histórias de sucesso individuais ajudaram a impulsionar o crescimento de várias ações. As ações da empresa britânica de entrega de alimentos Deliveroo (ROO.L) dispararam 16,3% após o anúncio de uma proposta de compra feita pela gigante americana DoorDash (DASH.O) em 5 de abril.

O fabricante europeu de aeronaves Airbus (AIR.PA) valorizou-se 1,6% após confirmar a aquisição de vários ativos da Spirit AeroSystems (SPR.N).

Além disso, o banco italiano Mediobanca (MDBI.MI) anunciou sua intenção de comprar o banco privado Banca Generali (BGN.MI) por 6,3 bilhões de euros (aproximadamente US$ 7,15 bilhões), o que foi outro evento marcante no mercado financeiro europeu.

Relatórios de inflação: novo fator de incerteza

Os participantes do mercado também estão atentos aos relatórios de inflação que serão divulgados ainda esta semana tanto na zona do euro quanto nos EUA, os quais serão indicadores importantes para entender a possível direção das políticas dos bancos centrais nos próximos meses, especialmente em relação às taxas de juros.

Thomas Frank,
Analytical expert of InstaTrade
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