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O início de negociações efetivas pode levar a uma queda significativa nos preços do ouro em um futuro próximo.
Em artigos anteriores, sugeri que o preço do ouro — anteriormente em forte alta — poderia sofrer uma correção relevante com o início das negociações entre Pequim e Washington sobre tarifas.
Para relembrar, em novembro de 2023, o preço do metal amarelo rompeu a forte resistência psicológica de US$ 2.000 por onça e, a partir daí, iniciou uma trajetória quase ininterrupta de valorização. Na época, havia diversos fatores impulsionando a demanda, sendo três deles particularmente relevantes. Dois estão interligados: a escalada das tensões geopolíticas — alimentada pela guerra entre o Ocidente e a Rússia na Ucrânia — e a intensificação do antigo conflito entre Israel e Palestina, agora com o apoio do Irã. O terceiro fator era econômico: o risco crescente de que a economia global entrasse em uma crise prolongada e profunda.
Nesse contexto, os bancos centrais passaram a comprar ouro físico de forma agressiva, e investidores migraram para ETFs lastreados em ouro como forma de proteção contra um possível colapso em outros ativos. No entanto, esse colapso não se concretizou — pelo contrário, os investidores recorreram aos ativos norte-americanos como porto seguro, como costuma ocorrer. Diante disso, os mercados acionários dos EUA se valorizaram, e as taxas de juros, anteriormente elevadas pelo Federal Reserve, se estabilizaram. Foi nesse momento que começaram as discussões sobre a necessidade de reduzir os juros — o que de fato ocorreu pela primeira vez no outono de 2024.
Os temores de uma recessão nos Estados Unidos e de uma depressão econômica real na Europa — devido ao seu envolvimento direto no impasse com a Rússia — continuaram sustentando a demanda por ouro. Após a posse de Donald Trump, o movimento de alta nos preços do ouro ganhou novo impulso, impulsionado principalmente pela incerteza em relação às políticas do 47º presidente. O início de uma guerra comercial reforçou ainda mais esse fator de suporte ao ouro.
O que pode acontecer com os preços do ouro se Pequim e Washington chegarem a um acordo sobre tarifas?
Acredito que o ouro pode passar por uma correção significativa. No entanto, uma queda mais acentuada — por exemplo, de volta para a casa dos US$ 2.000 — provavelmente será evitada devido à persistência de fatores como a guerra na Ucrânia e o risco contínuo de uma crise global. Caso as negociações comerciais resultem em um acordo positivo, é provável que o ouro recue para a faixa de US$ 3.000 por onça troy, onde poderá encontrar um suporte sólido. Diante desse cenário, considero que qualquer correção de alta perceptível deve ser vista como uma oportunidade para vender ouro.
O ouro está sendo negociado próximo ao nível de US$ 3.300,00. O otimismo renovado sobre um possível acordo comercial entre os EUA e a China pode desencadear outro declínio para US$ 3.200,00, que pode ser um nível adequado para venda.
O contrato está sendo sustentado pelo aumento das expectativas de um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. Caso esse cenário se concretize, espera-se um aumento na demanda por ações do setor de tecnologia, o que pode impulsionar o contrato para 19.891,60. Um nível potencial de compra está em 19.382,10.