Veja também
"Siga o dinheiro inteligente" — esse princípio clássico da análise técnica recomenda que é mais seguro acompanhar os profissionais do que seguir a multidão. No entanto, em 2025, essa estratégia teria resultado em perdas de capital. Os fundos de hedge, tradicionalmente vistos como "dinheiro inteligente", venderam US$ 1 trilhão a mais em ações americanas do que compraram desde o início do ano. Já os investidores de varejo, por outro lado, mantiveram em grande parte a estratégia de "comprar e manter" — e, com a aproximação do fim de abril, fica claro que essa decisão compensou.
Após a vitória de Donald Trump nas eleições, o S&P 500 registrou a maior alta pós-eleitoral da história, impulsionado pela expectativa de que o 47º presidente dos Estados Unidos aceleraria uma economia já em expansão. Na prática, porém, as políticas tarifárias agressivas de Trump aumentaram os temores de uma desaceleração. A Bloomberg agora prevê que o crescimento do PIB dos EUA desacelere de 2% para 1,4% em 2025 e elevou a probabilidade de uma recessão nos próximos 12 meses de 30% para 45%.
Dinâmica da relação P/E (Preço por Lucro) do S&P 500
Uma desaceleração econômica pesaria fortemente sobre os lucros corporativos, tornando os investidores cada vez mais cautelosos em relação ao S&P 500. As ações americanas continuam relativamente caras, e o capital vem fluindo de forma constante dos EUA para a Europa. Segundo a Allianz, o mercado acionário dos Estados Unidos, avaliado em US$ 28 trilhões, é grande demais para ser abandonado da noite para o dia. No entanto, mesmo uma pressão de venda moderada pode desencadear correções significativas — como ocorreu após o Dia da Independência, no início deste ano.
Apesar das expectativas de Trump de que a recuperação do S&P 500 se manteria após a eleição, a realidade de sua posse e suas primeiras ações políticas levaram a um dos piores desempenhos do índice nos primeiros 100 dias de governo. Somente durante as crises de 1937, 1941 e 1973–1974 registraram-se quedas mais acentuadas — e, naquelas ocasiões, o mercado permaneceu sob pressão até o final do respectivo ano.
Desempenho do S&P 500 após a posse
No final de abril, a "multidão" assumiu a dianteira. O S&P 500 se recuperou, alcançando 3% dos níveis registrados no Dia da Independência dos Estados Unidos. A Horizon Investments destaca que o impulso sustentado dependerá de avanços positivos nas negociações comerciais dos EUA com outros países.
Os mercados agora estão observando atentamente os próximos lançamentos, especialmente os dados do PIB dos EUA para o primeiro trimestre e o relatório de emprego de abril, para avaliar a extensão da desaceleração econômica.
Perspectiva técnica:
O S&P 500 continua a formar um padrão de reversão 1-2-3 no gráfico diário, indicando uma possível exaustão da fase corretiva. As posições compradas iniciadas em torno do nível 5400 devem ser mantidas, com metas de lucro e possíveis reversões sendo consideradas em torno dos níveis 5625 e 5695. Caso os touros não consigam se manter acima de 5500, isso sinalizaria uma fraqueza subjacente e poderia desencadear uma nova pressão de venda.