China impõe tarifas amplas sobre equipamentos semicondutores dos EUA
Não há sinais de trégua na guerra comercial global — e agora o foco recai diretamente sobre os componentes semicondutores e os equipamentos relacionados. As apostas subiram consideravelmente, e a complexidade dessa nova rodada de barreiras comerciais é difícil de ignorar.
De acordo com analistas Analistas da AllianceBernstein, uma renomada empresa global de gestão de investimentos e pesquisa financeira, os fornecedores norte-americanos de equipamentos para fabricação de wafers (WFE, na sigla em inglês para Wafer Fabrication Equipment) dificilmente conseguirão isenções das tarifas retaliatórias recém-anunciadas pela China. As tarifas, que chegam a impressionantes 125%, representam um duro golpe para empresas dos Estados Unidos, como a Applied Materials e a Lam Research, que devem enfrentar perda de mercado e forte pressão sobre as margens de lucro.
Havia uma expectativa entre investidores de que o setor de WFE pudesse ser poupado, para o plano estratégico da China de fortalecer sua indústria doméstica. Mas essas esperanças foram frustradas.
“A declaração oficial deixa claro que nenhuma isenção vigente será aplicada a essa nova tarifa”, observou a Bernstein, destacando que a medida pode gerar dores de cabeça de curto prazo para fabricantes chineses — especialmente em áreas como controle de processos, onde ainda faltam alternativas locais viáveis.
No longo prazo, porém, o movimento pode beneficiar os fabricantes chineses de equipamentos, como a NAURA, a AMEC e a Piotech. “Os fornecedores dos EUA correm o risco de perder participação de mercado ou sofrer erosão de margem”, afirmam os analistas.
Um ponto crítico gira em torno de como as autoridades aduaneiras chinesas vão determinar a origem dos equipamentos WFE. “De forma um tanto inesperada, os documentos indicam que a origem poderá ser definida com base no local onde a maior parte dos componentes é produzida”, alertou a Bernstein. Nesse cenário, estima-se que até 11% da receita dos fornecedores norte-americanos estaria em risco.
Neste novo contexto, os fornecedores locais chineses devem ganhar espaço significativo, com projeções de crescimento de até 24%, segundo a Bernstein.
A consultoria considera remota a possibilidade de isenção das tarifas para os equipamentos dos EUA, mas não descarta uma reavaliação futura, à medida que o cenário comercial evolui.